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METODOLOGIAS ATIVAS COMO SUPORTE PARA PRÁTICAS INTEGRADORAS

Como podemos utilizar metodologias ativas, como a ABP, para integrar os conteúdos curriculares?

10 MIN

26 JUL 2024

No ensino médio integrado, as metodologias ativas podem ser aliadas no processo de integração curricular. A adoção de metodologias ativas, se revela como uma estratégia para proporcionar aos alunos novas formas de aprendizagem, para além da simples internalização de conhecimento teórico, mas que a assimilação de conteúdos seja aliada ao desenvolvimento do raciocínio lógico-crítico. 

Diesel, Marchesan e Martins (2016) descrevem as principais características dos métodos ativos, incluindo a ênfase no papel central do aluno e a promoção de sua autonomia. Eles destacam o papel do professor como facilitador que orienta o processo de ensino-aprendizagem e incentiva a reflexão contínua e o pensamento crítico. Além disso, os autores ressaltam a importância do trabalho em equipe neste tipo de abordagem.

É importante ressaltar que, ao adotar tais metodologias, o professor precisa estar ciente da necessária ressignificação do seu papel em sala de aula, isso evita que a metodologia se torne uma mera ferramenta.

Entre as várias abordagens disponíveis, a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) se destaca por sua capacidade de integrar conteúdos curriculares e considerar os aspectos sociais, culturais e tecnológicos, essenciais para uma formação integral. 

"Como metodologia de ensino e aprendizagem, a ABP parte de desafios intelectuais e propostas de tarefas para que os estudantes se sintam estimulados a mobilizar seus conhecimentos prévios e, a partir disso, adquirir e elaborar novos conhecimentos."

Pierini; Lopes; Alves, 2019, p. 168

 

A ABP é uma metodologia que engaja os alunos na investigação e solução de problemas complexos, refletindo situações do mundo real. Essa abordagem desafia os estudantes a utilizar conhecimentos prévios e adquirir novos saberes de forma contextualizada e relevante. Ao lidar com problemas complexos e interdisciplinares, os alunos aprendem a conectar conteúdos de diferentes áreas, desenvolvendo uma visão mais integrada e contextualizada do mundo. Como destaca Morin (2015), a simplificação excessiva pode distorcer a realidade, e a ABP busca evitar isso, promovendo uma compreensão multidimensional dos problemas.

“A capacidade de aprender não apenas para nos adaptarmos à realidade, mas, sobretudo, para transformar, para nela intervir, recriando-a”

Freire, 1996, p. 28

 

Considerando a busca pela formação integral, a problematização na educação deve partir de uma abordagem crítica e reflexiva, enfatizando a necessidade de se considerar o contexto social, econômico e cultural dos estudantes. A construção do conhecimento a partir da problematização, permite que os alunos compreendam e questionem a realidade ao seu redor. 

Além disso, a ABP requer uma mudança na postura dos professores, que passam de meros transmissores de conhecimento para facilitadores do processo de aprendizagem. O professor na ABP atua como um orientador, ajudando os alunos a desenvolver suas capacidades de pesquisa, análise e síntese. Isso é essencial para o desenvolvimento de uma educação emancipadora, que prepare os alunos não apenas para o mundo de trabalho, mas para a vida cidadã, com uma compreensão crítica e ética da sociedade.

Como apontado por Diesel, Marchesan e Martins (2016), a ABP exige uma constante reflexão e problematização da realidade, estimulando os alunos a considerar múltiplas perspectivas e a trabalhar colaborativamente na busca de soluções​​.

"A problematização tem sua base de sustentação no método dialético, em que a práxis dá a direção do movimento de aprendizagem, uma vez que a realidade é dinâmica, com fatos interligados, e produz contradições."

Montalvão et. al, 2019, p. 255

Os elementos-chave da ABP são a formulação de questões que podem ser exploradas e respondidas por meio da investigação sistemática e autodirigida. São essenciais ao processo a discussão ativa e a análise dos problemas, das hipóteses, dos mecanismos e dos tópicos de aprendizagem, os quais capacitam os estudantes a adquirirem e aplicarem conhecimentos e, simultaneamente, a colocarem em prática as habilidades de comunicação individual e coletiva, fundamentais para o ensino-aprendizagem.

Leite e Afonso (2001) indicam a aplicação da ABP a partir de quatro fases: seleção do contexto, formulação dos problemas, resolução do problema e a síntese e avaliação do processo. Estas etapas são detalhadas por Souza e Dourado (2015) da seguinte forma: Elaboração do cenário ou contexto problemático, as questões-problema, a resolução do problema, apresentação do resultado e auto-avaliação. Detalharemos essas etapas a seguir.

ELABORAÇÃO DO CENÁRIO OU CONTEXTO PROBLEMÁTICO

Nesta primeira etapa, é essencial escolher um cenário relevante e autêntico, que esteja relacionado à realidade dos alunos. O cenário deve capturar o interesse dos alunos e motivá-los a explorar o problema. A definição do problema pode ser apresentada através de diversos formatos, como vídeos, textos impressos ou diálogos, proporcionando uma conexão imediata com o conteúdo a ser estudado. É crucial definir um cenário que seja envolvente e relevante para os alunos. Um bom cenário deve atender a algumas características fundamentais:

Atração do Interesse dos Alunos: O cenário deve captar a atenção dos alunos e motivá-los a explorar o problema. Deve ser autêntico e estar relacionado com o cotidiano dos alunos, proporcionando uma conexão imediata com o conteúdo programático da disciplina​.
 
Correspondência entre Conteúdos Curriculares e Aprendizagem: É essencial que o cenário esteja alinhado com os objetivos de aprendizagem do curso. Isso ajuda os alunos a perceberem a relevância e a aplicabilidade do conteúdo estudado, promovendo uma aprendizagem significativa​.
 
Funcionalidade: O cenário deve ser facilmente compreendido pelos alunos. Isso implica o uso de uma linguagem acessível, imagens claras e, se necessário, elementos audiovisuais de qualidade. A ideia é facilitar a apreensão do problema e estimular a curiosidade dos alunos​.
Tamanho Ideal: O cenário não deve ser muito extenso, a ponto de se tornar cansativo, nem muito breve, a ponto de não fornecer informações suficientes para a compreensão do problema. Deve ter a extensão necessária para apresentar claramente a ideia e estimular a investigação dos alunos.

IDENTIFICAÇÃO E DISCUSSÃO DO PROBLEMA

 

Os alunos, após receberem o cenário contendo os elementos informativos do contexto problemático, formam grupos para discutir e identificar as informações que faltam para elaborar as questões-problema. O professor desempenha um papel de orientação, ajudando os alunos a escolher e definir quais problemas são mais relevantes para a investigação e resolução. O processo envolve a discussão em grupo e com o professor, que esclarece dúvidas e auxilia na estruturação das questões em uma ordem hierárquica que facilite a abordagem dos problemas de forma organizada e sistemática

DESENVOLVIMENTO DA INVESTIGAÇÃO - RESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS

Nesta fase, os alunos se engajam em uma investigação aprofundada para resolver as questões-problema levantadas anteriormente. Segundo Souza e Dourado (2015), essa fase é caracterizada por um processo ativo de busca de informações e elaboração de soluções, que pode ser realizado tanto individualmente quanto em grupo. Os alunos utilizam diversos recursos, como leituras, pesquisas na internet e consultas a especialistas, para reunir dados relevantes que os ajudarão a entender melhor o problema e identificar possíveis soluções​.

Durante essa fase, é comum que os alunos façam uso de uma abordagem interdisciplinar, relacionando conhecimentos de diferentes áreas para encontrar soluções para os problemas complexos que estão investigando. Isso é particularmente importante porque os problemas da vida real frequentemente não se encaixam em uma única disciplina acadêmica, exigindo uma abordagem que integre múltiplas perspectivas e conhecimentos​.

SÍNTESE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
 

Finalmente, os alunos sintetizam as discussões e reflexões realizadas, sistematizam as soluções encontradas e preparam uma apresentação para compartilhar com a turma e o tutor. Esta etapa inclui também a autoavaliação do processo de aprendizagem, permitindo que os alunos reflitam sobre suas experiências e desenvolvimentos durante o projeto.
 

A ABP representa uma abordagem educacional inovadora que coloca o aluno no centro do processo de aprendizagem, promovendo o desenvolvimento de habilidades críticas e investigativas. As etapas do método, desde a elaboração do cenário até a resolução dos problemas, incentivam os estudantes a engajar-se ativamente com o conteúdo, integrando conhecimentos de diversas disciplinas e aplicando-os a contextos reais. Através da ABP, os alunos não apenas adquirem conhecimento teórico, mas também desenvolvem competências essenciais para a vida acadêmica e profissional, como a capacidade de trabalhar em grupo, pensar criticamente e resolver problemas complexos.

Biólogo vegetal

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